Usando um chapéu de palha, camisa vermelha e coturnos, o deputado estadual Enivaldo dos Anjos surpreendeu no figurino, durante a sessão ordinária desta segunda-feira, 2, na Assembleia Legislativa, mas o discurso foi duro e atacou, inclusive, um parlamentar, Fabrício Gandine, que teria “plantado” notas nas redes sociais sobre a saída dele da liderança do Governo.
“A camisa vermelha é pelo Dia Mundial de Combate à Aids. O chapéu é em solidariedade aos produtores rurais, assim como as botas”, explicou Enivaldo sobre o figurino fora do padrão.
Enivaldo dos Anjos (PSD), disse que já sabia desde a sexta-feira, 28, que seria tirado da liderança, quando se rebelou contra um contrato celebrado pelo Detran com uma empresa privada para o retorno das operações de guincho de veículos na Grande Vitória.
“Eu não tenho apego a nada. Perco a liderança, mas a máfia do guincho não vai voltar a agir no Espírito Santo. Na sexta-feira, eu oficiei, como presidente da CPI da Máfia dos Guinchos, ao Detran solicitando cópia do contrato de mais de R$ 3 milhões que o Governo celebrou, em regime de emergência e sem licitação, com uma empresa de capital social de apenas R$ 130 mil para prestar serviço de guincho na região metropolitana, ao mesmo tempo em que convoquei os diretores da empresa e do Detran para depor na Comissão”, disse Enivaldo.
A cópia do contrato foi encaminhada pelo diretor-presidente do Detran, Givaldo Vieira, à Comissão Parlamentar de Inquérito no início da tarde desta segunda-feira, 2 e já está sendo analisado pela assessoria.
“Que empresa sortuda essa! Todo mundo sabia que no dia em que tentassem voltar com o guincho no Espírito Santo teria minha repulsa. Eu brigo até na mão, mas não aceito que a máfia do guincho volte a reinar no Espírito Santo. Agora, eu sei bem por que o pessoal que está em volta do governador fez esse movimento para me tirar: quem assinou o contrato com essa empresa foi um irmão da secretária de Comunicação”, acrescentou Enivaldo.
Em defesa de Enivaldo, o ex-prefeito de Baixo Guandu e vice-líder do Governo na Ales, Dary Pagung, disse que o contrato denunciado pelo deputado se já não estivesse, seria cancelado esta semana.
O novo líder, deputado Freitas, também assegurou que o contrato com a empresa de guincho feito no Detran seria cancelado pelo governo.
Num discurso que monopolizou as atenções não apenas no plenário, mas em todos os setores da Casa e de telespectadores da TV Assembleia, que transmite a sessão ao vivo, Enivaldo fez um amplo relato dos fatos que antecederam sua saída da liderança do governo e questionou o esforço do núcleo em torno do governador para tentar esvaziar a importância do que ele fez nos 11 meses em que esteve no posto na Assembleia.
“Eu não sou afeito a elogios, estava ficando aborrecido de tanto ser elogiado pela equipe do governador, e até pelo próprio governador. Hoje (segunda-feira) eu dei entrevista ao Vitor Vogas, falando dos fatos que ocorreram aqui. Se faltou alguma organização, foi da parte política governo”.
“O deputado Gandini se prestou a ficar colocando notinhas nas redes sociais pra me gozar, para tentar colocar em mim a pecha de que eu não sou de confiança. A pessoa, pra fazer uma acusação da moral do outro, tem que ter muita moral, não pode ir visitar os EUA para visitar uma empresa que fez contrato de TI com a Prefeitura de Vitoria.”