Segundo pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, 52% dos trabalhadores não querem tirar até R$ 500 FGTS, enquanto apenas 27% devem optar pelo Saque Aniversário. O levantamento foi realizado entre 29 e 30 de agosto de 2019, com 2.878 entrevistados, em 175 municípios de todas as regiões do país.
Dentre as pessoas com conta ativa ou inativa, a disposição para sacar até 500 reais do fundo é maior entre os desempregados que estão procurando trabalho (63%) e freelancers (62%). Já as donas de casa são as mais inclinadas a adotar o modelo de saque-aniversário (45%), dentre as pessoas com conta ativa ou inativa.
A adesão baixa, especialmente quando se trata do Saque Aniversário, se dá por conta da regra para saques. Caso opte pelo saque anual de recursos do fundo, o trabalhador poderá sacar uma fatia de até 50% dos recursos por ano. O porcentual aumenta quanto mais baixo for o valor depositado. Para quem tem mais de 20 mil reais depositado, poderá sacar apenas 5% dos valores por ano.
Veja mais sobre o assunto no link https://ocontestado.com/veja-se-vale-a-pena-sacar-recursos-do-fgts-que-serao-liberados-nesta-sexta/.
Além disso, quem optar pelo Saque Aniversário não poderá sacar o dinheiro em caso de demissão: terá direito apenas a multa de 40% do valor do FGTS pago pelo empregador. E só poderá reconquistar o direito dois anos depois de fazer o pedido.
Mas, segundo o planejador financeiro CFP da Planejar, Leandro Loiola, o risco de desemprego não deve definir a decisão de retirar ou não o dinheiro do fundo, mas sim a necessidade dos recursos. “Ficar com dinheiro preso no fundo é a mesma coisa que não ter dinheiro, principalmente para quem já tem um imóvel quitado. E quando à maior rentabilidade, mesmo no Saque Aniversário só será possível tirar um pedaço a cada ano: o restante continuará rendendo”.
No caso de demissão, o trabalhador não tem como ter certeza de que será demitido e quando, explica o planejador. “E se ele acabar ficando 10 anos na empresa. Vai ter de pedir para ser demitido para colocar a mão no dinheiro? A pressão para resgatar o FGTS não deveria determinar escolhas profissionais”.
Veja abaixo as principais situações e indicações do especialista sobre se vale ou não sacar o dinheiro:
Pagamento de dívidas
Mesmo mais rentável, a remuneração do FGTS não compensa os juros pagos em qualquer dívida no país. Isso porque os juros são cobrados mensalmente, enquanto a remuneração do FGTS é anual. “Mesmo no caso de um consignado com taxa de 1,70% ao mês, que é difícil de encontrar, depois de alguns meses o trabalhador pagará mais juros no empréstimo do que os juros pelo qual será remunerado no FGTS”, diz Loiola.
Ou seja, nesse caso, o quanto antes o trabalhador pegar o dinheiro para liquidar a dívida, melhor. Portanto, o saque de até 500 reais e o saque anual valem a pena. “O valor pode ser pequeno para algumas pessoas, mas acreditamos que é o primeiro passo para uma melhor organização financeira”.
Criação de reserva de emergência
Se o trabalhador não tem dívidas, mas também não tem uma reserva financeira para gastos imprevistos, Loiola também recomenda sacar o dinheiro do fundo. “Imprevistos sempre acontecem, e o trabalhador que não tem um financiamento habitacional não poderá sacar os recursos do fundo a qualquer tempo. Portanto, o risco de cair no cheque especial e rotativo é grande”.
No caso de eventual perda de renda, o trabalhador tem duas opções: começar a criar já sua reserva de emergência fora do fundo ou sacar o dinheiro para iniciar essa reserva e deixar o dinheiro depositado para esse motivo específico.
Para investir
No caso de quem já tem dinheiro guardado para gastos imprevistos, só vale a pena retirar o dinheiro para aplicar em um investimento que renda mais que o FGTS com a nova remuneração. Ou seja, só vai valer a pena se o trabalhador topar tomar mais risco na renda fixa ou investir em aplicações de renda variável e fundos multimercados, por exemplo.
Aqui é necessário ressaltar que a rentabilidade maior pode não ser atingida, e o trabalhador precisa de dedicação e habilidade para encontrar esse tipo de aplicação, explica o planejador financeiro. “Para investidores com perfil mais conservador, que não se sentem preparados para encontrar soluções mais arriscadas, melhor manter dinheiro no fundo, já que o retorno não é mais tão ruim”.
Além de ser isento de Imposto de Renda, o risco de crédito do FGTS é baixo, o que o torna comparável a um título Tesouro Selic. (Weber Andrade com MSN Notícias e Datafolha)