Os brasileiros estão vivendo mais. Dados indicam que, em 2030, a população idosa será maior do que o número de crianças entre zero e 14 anos. Um estudo publicado recentemente no Medical Journal of Australia, no entanto, pode influenciar a mudança demográfica pois aponta que a obesidade pode estar relacionada à diminuição da expectativa de vida. No Brasil, o número de pessoas com excesso de peso já ultrapassa mais da metade da população.
Publicado em maio, o levantamento australiano comparou o aumento da expectativa de vida em países como Austrália, Estados Unidos e 18 nações europeias, entre 1980 e 2016. Os pesquisadores correlacionaram esses dados com as taxas de obesidade do mesmo período e de cada um desses países e concluíram a partir da comparação entre o crescimento da taxa de expectativa de vida e aumento da obesidade, que é possível indicar que as tendências de longevidade podem ser impactadas pelos esforços atuais para a redução da obesidade.
A obesidade é causa direta de doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão. Com o envelhecimento, as pessoas se tornam mais suscetíveis a essas doenças, comprometendo a autonomia e qualidade de vida. “É muito comum observar as pessoas passarem a vida lutando contra a balança, porém, conforme a idade chega, abrem mão desse cuidado”, explica o nutricionista do Vigilantes do Peso, Matheus Motta. “O que elas se esquecem é que esse descuido funciona como a janela para o surgimento das doenças crônicas e impacta também em quantos anos há pela frente”.
Falsos magros – No entanto, tão prejudicial para a saúde quanto os quilos extras, a sarcopenia também representa um grande risco para os idosos brasileiros, já que se disfarça na substituição da musculatura por gordura e compromete a saúde dos mais velhos. Segundo um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o problema está presente em 16,1% das mulheres e 14,4% dos homens acima dos 60 anos, avaliados pelos pesquisadores5.
A condição, muito comum e tão relevante quanto a osteoporose, é a responsável pela ideia de que, com o passar dos anos, os avós vão ficando menores e mais frágeis. A juventude leva consigo a musculatura e, associado a isso, uma dieta desequilibrada e o sedentarismo contribuem para a substituição da massa magra pela gordura – o que os especialistas chamam de obesidade sarcopênica.
“A baixa na musculatura por si só aumenta o risco de quedas, causa a diminuição da densidade mineral óssea e também da autonomia”, explica o nutricionista. “O aumento da gordura no corpo, por sua vez, favorece o aparecimento de doenças crônicas e consequentemente, o risco de morte”. (Weber Andrade com Vigilantes do Peso)