A partir dessa sexta-feira, 13, os brasileiros poderão sacar até R$ 500 do FGTS. A retirada vale tanto para a conta ativa quanto para cada conta inativa do fundo. Além disso, no próximo mês, os trabalhadores poderão optar pela retirada de uma fatia dos recursos do fundo anualmente, o Saque Aniversário.
Veja mais no link https://ocontestado.com/mais-de-50-dos-brasileiros-nao-querem-sacar-r-500-do-fgts/
Mas, antes de tomar essas decisões, é necessário entender que a rentabilidade do fundo, que foi sempre muito baixa, aumentou. A partir desse ano, todo o lucro do FGTS será distribuído aos cotistas, o que torna o FGTS hoje a aplicação de renda fixa mais rentável do mercado. Mas isso basta para deixar dinheiro no fundo? Afinal, será sempre assim?
O fundo continua pagando a Taxa Referencial (que atualmente está zerada) mais uma taxa de 3% ao ano aos cotistas. O que mudou na rentabilidade do FGTS foi um componente variável: o porcentual do lucro distribuído, que subiu de 50% para 100% a partir de 2019.
Como não é possível prever qual será o lucro do fundo nos próximos anos, olhar para o desempenho passado dá alguns indicativos sobre como deve ser a rentabilidade do FGTS daqui para a frente.
Caso o FGTS distribuísse todo o lucro registrado nos últimos dez anos, o fundo teria sido mais rentável do que a taxa DI, que serve como referência para investimentos de renda fixa, que acompanham a Selic, em apenas três anos: 2012, 2018 e 2019, quando o FGTS rendeu, respectivamente, 127,32% do CDI, 113,54% e 147,02%. É o que mostra cálculo feito pelo professor do Insper, Michel Viriato.
A simulação considerou a rentabilidade do FGTS como se ele fosse tributado. Dessa forma, é possível compará-lo com a maioria das aplicações de renda fixa, sobre as quais incide a tabela regressiva do IR.
A baixa rentabilidade do fundo na maior parte do período aconteceu porque a taxa básica de juros (Selic) era mais alta, atingindo o pico de 14,25% em 2015 e 2016. Quando a taxa Selic sobe, o FGTS sofre com a concorrência de outras aplicações de renda fixa, que oferecem uma rentabilidade maior.
O ano de 2012 é uma exceção por conta do boom imobiliário, que elevou os ganhos do fundo e, em conjunto com a taxa Selic relativamente baixa, fez com que a rentabilidade do FGTS superasse o CDI. O lucro do FGTS basicamente vem do financiamento de obras para programas de subsídios na construção civil, como Minha Casa Minha Vida, além de projetos de infraestrutura e saneamento.
Ou seja, o FGTS só está atrativo agora porque a taxa básica de juros está baixa. Ele não dá uma boa rentabilidade aos cotistas: apenas dá uma rentabilidade maior do que as outras aplicações de renda fixa, que estão rendendo pouco, como o Tesouro Direto e CDBs.
Olhando para o passado, a taxa de lucro do fundo distribuída ao cotista não costuma variar muito. Portanto, a tendência é que, enquanto a Selic, for menor do que 8% ao ano, manter recursos no fundo valerá mais a pena do que migrar para outros investimentos de renda fixa, conclui Viriato.
Na visão do professor, o lucro do fundo não deve cair muito, já que a maior parte dos recursos é destinada a financiamentos de longo prazo, de 20 anos. “Além disso, ninguém vê hoje um aumento dos juros no curto e médio prazo, dado que a inflação está controlada e as taxas de juros no exterior estão caindo”.
O ponto de atenção é a falta de liquidez do fundo. Ao deixar os recursos no FGTS, e não optar pelo saque dos 500 reais e nem o anual, é necessário lembrar que ele só poderá ser sacado em caso de demissão sem justa causa, compra da casa própria e no caso de morte do cotista.
Por conta dessa característica, deixar o dinheiro no fundo serve apenas como uma poupança de longo prazo. Ou seja, vale para quem já tem uma reserva de emergência para o curto e médio prazo e não quer tomar mais risco em aplicações financeiras. (Weber Andrade com MSN Notícias)