A julgar pelas falas dos vereadores Wilson Pinto das Mercês, o Mulinha e Huander Cleidy Cardoso, mais conhecido como Bofe, Barra de São Francisco não precisa de prefeito. Os dois tentaram se defender da acusação de uso abusivo de diárias da Câmara Municipal, atacando os sites vozdabarra.com.br e ocontestado.com, além do presidente da 5ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Raony Fonseca Scheffer Pereira. Garantem que trouxeram dezenas de milhões de reais em obras para a cidade.
Mulinha, em entrevista ao radialista José Carlos Madureira na rádio 103,9, disse, provocado pelo locutor, que os sites vozdabarra.com.br e ocontestado.com estariam tentando desviar a atenção dos “erros do projeto do concurso público”, ao reproduzir matéria do jornal A Tribuna, que coloca a Câmara de Vereadores de Barra de São Francisco como um das que mais gastou com diárias no ano passado e nos três primeiros meses deste ano.
Para justificar os gastos, ele disse que trouxe dezenas de milhões de reais em obras para a cidade, a partir das viagens que fez a Vitória e Brasília.
Na mesma linha de raciocínio, o vereador Huander Bofe disse que gastou, nos últimos 15 meses, cerca de R$ 12 mil em diárias, o que coloca cerca de R$ 800 a mais por mês nos bolsos do vereador. É verdade que, parte do valor da diária, é usado pelo vereador, para alimentação e estadia, quando há pernoite. Mas o valor de cada diária é de R$ 300 (sem pernoite) e R$ 600 (com pernoite).
“Para um trabalhador qualquer, uma diária dessas para comer o mês inteiro. No entanto, os vereadores pegam a diária, viajam mas ‘esquecem’ de devolver o que não gastou”, critica o vereador José Valdeci de Souza, lembrando que, uma refeição hoje, por mais cara que seja, não chega a R$ 50.
Outra critica do vereador José Valdeci é quanto ao salário do vereador. Ele defende que os vereadores ganhem um salário mínimo como gratificação pelo exercício da função. Ele observa que, hoje, um vereador já recebe, líquidos, R$ 4.750. “Dá muito bem para custear despesas de viagem e ainda sobra bastante, porque vereador não é profissão, é mandato para ajudar a comunidade”, observa Valdeci.
Outro crítico ferrenho do mau uso das diárias, o presidente da 5ª Subseção da OAB, raony Scheffer, também foi atacado na reunião ordinária desta segunda-feira, 15, na Câmara Municipal, pelo vereador Huander Bofe. “Eu estou aqui prestando contas das diárias. Gastei sim, cerca de R$ 12 mil em diárias no ano passado e este ano, mas trouxe muitas obras e recursos para o município”, disse o vereador, enumerando convênios que só teria sido assinados graças “as viagens”.
Bofe tentou desqualificar a atuação de Scheffer, que decidiu solicitar um levantamento amplo de todos os gastos dos vereadores nos últimos dois mandatos, de forma a ter a exata dimensão de quanto eles consumiram em diárias e outros gastos. “Não sou contra o uso de diárias, mas sim contra o abuso”, disse Scheffer, ao ser questionado pelo autal presidente da Casa, Juvenal Calixto Filho, recentemente. (Weber Andrade)